Cinebiografias que flertam com o gênero musical e suas coreografias mirabolantes nem sempre conquistam a ala mais sisuda do público. Rocketman consegue isso já nos primeiros minutos. A fabulosa história de Elton John começa com o artista montado como um capeta marchando para uma sessão de um grupo de reabilitação. O mergulho às memórias de infância joga na pálida rua de casa com a vizinhança coreografando “The Bitch is Back”.

As passagens marcantes da vida de Elton são narradas como videoclipes, e a trilha sonora comanda o filme, transformando-se na vida do cara que canta todas as músicas. Só que em Rocketman, Taron Egerton, numa visceral interpretação de Elton, não faz tudo sozinho. A cada trecho musical, os temas são interpretados por alguém que está junto. “I Want Love”, por exemplo, vem com Elton ainda criança (Kit Connor), a avó (Gemma Jones), a mãe (Bryce Dallas Howard) e o pai (Steven Mackintosh).

O menino vai crescendo e a música segue trilhando seu caminho. “Saturday Night’s Alright (For Fighting)” ilustra uma noite num pub em que sua apresentação se transforma numa fantasia bem rock’n’roll.

Do primeiro contato com uma gravadora, da parceria com seu eterno letrista, Bernie Taupin, vem a cena mais emocionante do filme, a composição de “Your Song”.

Flutuar com “Crocodile Rock”, lamentar-se com “Goodbye Yellow Brick Road”, afundar-se na depressão com a faixa que dá nome ao filme são momentos que podem ficar na memória por muito tempo.

Você pode até não gostar de Elton John. Você pode até nem conhecer direito suas músicas e nem mesmo ser fã, mas Rocketman cumpre exatamente o papel de uma cinebiografia, só que do jeito mais legal que poderia ser: apresentar esse músico genial do jeito que ele era em cada fase de sua turbulada vida até o início dos anos 1980. Isso tudo, costurado pelas músicas, que não necessariamente estão ligadas aos fatos mostrados, mas que cabem com perfeição.

Elton John nunca foi regular, discreto, normalzinho. Talentosíssimo, gay, dependente de drogas, álcool, sexo, carente… Tudo muito, tudo com bastante excesso, como poderia ser a vida de um astro do rock em sua época. No filme, tudo aparece sem medo de se expor. O que, aliás, o próprio artista nunca teve.

As músicas mais legais de Elton John estão na trilha sonora, reinterpretadas pelos atores, mas muito parecidas com as gravações originais. E chanceladas pelo próprio Elton, que também está na produção executiva do filme. A direção de Rocketman ficou a cargo do inglês Dexter Fletcher, um dos produtores executivos de outra importante cinebiografia: Bohemian Rhapsody: A História de Freddie Mercury.

Não se preocupe, a fase mais brega de sua carreira não aparece muito no filme, então dá pra curtir o melhor de Elton John nessa excelente cinebiografia.

Ouça aqui a trilha sonora do filme:

Categories: Cinebiografia

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *